Maria Teresa Horta (MTH) |
Quem lê o jornal Público tira uma ideia do que é o
cartório anti-governo. Não se percebe de onde vem este ódio, desde a nascença.
Talvez pelo governo não ser de “esquerda”. Mas o anterior que lá esteve era
pouco mais de "esquerda" e nunca fizeram tamanha celeuma ao jornal.
Na edição de ontem (19-9), a
páginas tantas, na 15ª reportagem a criticar ou a intermediar a crítica de alguém
contra o governo, vem notícia: "Nem prémio leva Maria Teresa Horta a
dar mão a Passos". Ao lê-la, caí para o lado.
Segue: a escritora foi galardoada
pelo júri do prémio literário D. Dinis pelo romance As Luzes de Leonor Diz que lhe honra muito receber o prémio mas
nunca das mãos do primeiro-ministro, «pessoa que está empenhada em destruir o nosso país».
Cancelou a cerimónia de entrega. Ora, isto para além de se configurar como falta de educação e nível é ainda uma palhaçada por parte da escritora, por um
par de razões.
A sra. afirma que sempre foi uma
mulher de "esquerda" e que lutou pelas "causas de Abril". Para mim, quando gente
começa com tal conversa, nem vale a pena ler/ouvir mais. Porquê? Porque
estigmatizam os outros como de "esquerda" ou de "direita",
independentemente do mérito potencial da sua acção ou personalidade. Porque
apresentam um cartão-de-visita, "ser de esquerda", relegando os
outros a um patamar de legitimidade inferior, deslegitimando-os de qualquer
opinião contrária ou estatuto que mereça respeito aos primeiros. Porque se sabe de onde vêm
tais frases: cartilha do Partido Comunista ou proto-comunista, sendo então que
a probabilidade de não ter feito aquilo que diz ter feito (pela
"liberdade", "democracia", "Abril", galinha da
vizinha e outra balela qualquer) é enorme.
Tal atitude apresenta-se
ironicamente como uma incoerência (ao contrário das palavras de MTH que repete
esse vocábulo um sem-número de vezes na entrevista). O criminoso-ministro que lá
esteve antes dizia-se de "esquerda" também, mas foi-se a ver quase tão
de "direita" como o arara que lá está agora.
Aquele sim estava apostado em
destruir o País e fá-lo-ia para se manter no poder, se os cidadãos continuassem
opiados pela capacidade retórica do distinto fulano "esquerdista". Ele sim
destruiria o País, entregando-o às empresas de obras-públicas como a Mota Engil
do camarada Jorge Coelho e canalha semelhante como o "dr." Paulo Campos.
Esse sim era criminoso, tendo sido indiciado por uma série de crimes gravíssimos
que não levaram a condenação porque este País se chama Portugal: ordens
maçónico-mafiosas ambulantes. Mas na altura em que ele lá estava, quando mais
se precisava (até para se evitar chegarmos onde estamos agora e que até Passos
Coelho fosse para o governo fazer os disparates que está a fazer), ninguém
apareceu tão indignado deste jeito. Tudo "baixou a cueca" de subserviência e cobardia,
desde o Presidente da República a simples escritoras de "esquerda"
como MTH passando por jornais como o Público.
A Passos pode-se acusar a impreparação
para o cargo, a burrice até, ingenuidade em alguns casos, mas nunca a falta de
seriedade, boa intenção ou um instinto criminoso. Passos usou da mentira para
ser primeiro-ministro como todos os anteriores fizeram, ou talvez pensou mesmo que as
coisas da governação seriam mais mecânicas e fáceis do que são realmente. Mas Passos não quer
destruir o País. O problema é que está seriamente convicto de que Portugal se
desenvolverá com a cartilha da troika
porque tem a seu lado Gaspar, que pensa por Passos e que governa o País por ele
mesmo ao melhor estilo da escola de Chicago, lavando o cérebro de Passos todos
os dias.
E até mesmo em percentagem de
gente canalha no governo, o anterior vai léguas à frente do actual. Ninguém percebe o que
faz ainda Relvas no governo de hoje, estando a sua presença seriamente a
danificar qualquer imagem possível de boa vontade e credibilidade do Executivo,
mas ele sozinho não faz o governo todo e o facto de Relvas ser perigoso não
significa que os outros o sejam.
Sempre nos habituámos a perceber
que a “esquerda” goza de maior tolerância da “direita”. Muito maior mesmo.
A questão coloca-se na equidade embora:
quando os de “esquerda” afirmando-se como tal mas agindo como de “direita”,
asneiam com más intenções, iludindo deliberadamente tudo e todos, continuam a merecer
benevolência; quando os de “direita”, não escondendo que o são, agem na sua
estreita convicção de estarem a ir no rumo certo (mesmo que não estejam)
recebem pedregulhos e ofensas vindos de tudo o que é canto, como se estivessem
a fazer o que fizeram os primeiros.
Queria dizer: não brinquem! A
situação de Portugal é gravíssima e este governo, mal ou bem, tem de aguentar
pelo menos até 2015. Tenham juízo e sejam verdadeiramente coerentes. Não venham
arrotar barbaridades etiquetando as pessoas. Olhem à essência e não à
aparência! Tenho dito.